Em uma sociedade onde se afirmam vários desenvolvimentos em relação à tecnologia, à ciência e até ao descobrimento de outros planetas, infelizmente ainda estamos em atraso em relação à igualdade de gênero e aos direitos das mulheres. No cotidiano, é recorrente ver que uma mulher sofre violência apenas por ser mulher.

O mercado de trabalho, mesmo com alguns avanços, a desvalorização da mão de obra feminina é uma realidade. Segundo o IBGE, as mulheres ganham em média 20,5% menos do que os homens no Brasil. Isso sem falar do preconceito vivenciado por mães, que, na entrevista de emprego, já são eliminadas de cara se o candidato que concorre à vaga for homem. A violência psicológica mascarada de “brincadeira” acontece em vários setores da sociedade, inclusive em rodas de conversas entre amigos.
No recinto domiciliar, é pressuposto pelo parceiro que os afazeres domésticos e a educação dos filhos fiquem a cargo da mulher, mesmo que esta trabalhe de forma remunerada em outro local. Nos relacionamentos conjugais, muitas mulheres, por mais bárbaro que pareça, ainda são tratadas como objetos, sem participação nas decisões familiares, sem opinião, sem vontade, sem voz. E, quando, como um ato de coragem e amor próprio, essas mulheres decidem romper com esse laço, o companheiro, sentindo-se proprietário de seus corpos, as violenta de forma tão cruel e brutal que lhes retira a vida. No Brasil, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é vítima de feminicídio a cada 7 horas.
Nesse contexto, é verídico que não é fácil romper com a desigualdade que ainda existe entre os gêneros. Contudo, apesar do aspecto patriarcal marcante em nossa cultura, as mulheres estão conquistando arduamente seu espaço nos locais de predominância masculina, para, de fato, conquistar a igualdade de gênero no trabalho. Através do empreendedorismo feminino, grupos de mulheres estão se formando e se fortalecendo em vários setores da sociedade para romper com a desigualdade que está posta, demonstrando na prática que, sim, são capazes de realizar todas as tarefas às quais se propõem a fazer, sem deixar a desejar na qualidade, agilidade e no profissionalismo que os cargos exigem.
O empoderamento feminino é uma estratégia de realizar certa justiça global em detrimento das várias violências vivenciadas pelas mulheres ao longo dos anos, tendo como base ações que fortaleçam e desenvolvam a igualdade e a equidade na sociedade. O empoderamento feminino não ocorre de forma individual; ele decorre da transformação pessoal vinculada à mudança estrutural da sociedade. Paulo Freire parte da premissa de que a desconstrução das relações sociais só ocorrerá por meio da educação libertadora: “Indica um processo político de classes dominadas que buscam a própria liberdade da dominação”. (Freire e Shor 2011, 189). Foucault defende a ideia de que a estrutura de poder, onde o homem detém o maior controle e domínio, seja mutável à medida que os grupos diversificados se conscientizem, dando suporte aos seus pares. Contudo, é essencial que o homem também tenha papel efetivo nessa desconstrução.
Como o Social Bom Jesus Atua na Construção do Empoderamento Econômico das Mulheres através do Estímulo ao Empreendedorismo
A ONG Social Bom Jesus atua de forma efetiva na construção de uma sociedade baseada na universalidade de direitos. Todos os serviços do Social Bom Jesus trabalham com famílias, muitas delas monoparentais e unipessoais, sendo a mulher a fonte provedora dessas famílias. Os serviços, cada um em sua especificidade, realizam atividades em grupos de forma a fomentar o empoderamento econômico da mulher através do empreendedorismo, realizando oficinas e debates que levem essas mulheres a enxergarem o potencial existente na realidade na qual estão inseridas, conduzindo para uma possível mudança.

No CEDESP Rio Pequeno, mais de 95% das pessoas matriculadas são mulheres, que frequentam os cursos gratuitos de confeitaria, cuidador de idoso e manicure e pedicure. Para além dos cursos profissionalizantes que certificam os(as) participantes, o serviço realiza atividades de convívio e mundo do trabalho, possibilitando a inserção no mercado de trabalho e autonomia financeira, fomentando mudanças significativas na vida dessas mulheres. As ações propositivas realizadas nas atividades desenvolvidas no CEDESP desenvolvem a valorização da mulher, ampliam os conhecimentos sobre seus direitos e deveres, geram debates sobre a importância e necessidade da igualdade de gênero e estimulam o empreendedorismo como um meio real de mudar a realidade financeira em que a mulher está inserida, possibilitando novas escolhas que estejam de acordo com suas necessidades, alcançando sua autonomia e protagonismo social.
Por: Patricia Barbuti Formada em Serviço Social , trabalha no Social Bom Jesus desde 2011
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